Livro das Musicas, O

  Descrição do Produto

Elementos de O livro das músicas, do linguista-poeta (ou poeta-linguista) Antonio Vicente Seraphim Pietroforte parecem reviver algo da procura obstinada de Ferdinand de Saussure pelos anagramas na poesia latina, revelando “palavras sob as palavras”. Isso não será acaso: este autor-professor saussureano tem, que eu saiba, nos famosos anagramas uma referência para a compreenssão do que poderíamos chamar de linguagem poética. E não à toa isso ocorre: mesmo alguns poetas e teóricos que não compartilham de postulados erigidos pelo grande linguista suíço veem neste seu trabalho oculto (e abandonado) a grande contribuição do mestre para o estudo da poesia. Mas Antonio Vicente, arguto revisor e redefinidor das coisas e dos pensamentos, manifestante hábil de rebeldia com causa estético-literária, não descobrirá nomes ocultos em seus textos antes, dará à luz fragmentos que, advindos de nomes femininos e qualificativos das personagens, parecem despir o verbo de sentido, para dar lhe uma ocorrência ressignificadora, por via “Estocástica”: num poema com esse nome, aponta-se para diversos sentidos dessa palavra – a aleatoriedade, identificando elementos inesperados, a técnica composicional de Xenakis, de base estatística, a conjectura, a evocar a origem grega da palavra, stokhastikós, “hábil para dar no alvo, conjecturar, arte de conjecturar”. O poema segue transformando-se, a mudar seu teor, no terreno entre a busca e o acaso, para converter-se numa “Declaração de amor minimalista”, a funcionar com segmentos que se repetem minimalisticamente.